domingo, 26 de dezembro de 2010

Consultorias: Administração ou Prestidigitação?

================================================ 
  
Consultorias: Administração ou Prestidigitação?
 
 
Muito bem: Não vai aqui uma crítica generalizada aos profissionais honestos do ramo; há firmas de consultoria bem montadas, que dispõem de especialistas e peritos em diversos aspectos do saber econômico-empresarial, e que prestam excelentes serviços a seus clientes. Todavia, para começo de conversa, até hoje ainda se debate se Administração é uma arte ou uma ciência, nas muitas acepções destas palavras.  Por algo será ¡   
 
Empresários contratam consultores porque precisam resolver problemas urgentes e - pelos menos pensam que – não contam entre seu pessoal com o conhecimento e a especialização necessários para chegar ràpidamente às respectivas soluções, custe o que custar $$.  Aliás as pessoas responsáveis nas organizações precisam se preocupar com os resultados - se serão alcançados - com os processos - se continuam adequados e eficientes - com as motivações do pessoal... até ai, tudo normal.  Mas daí a não descobrir o que fazer com a equipe própria e apelar para um xamã engravatado vai uma longa distância.
 
Como sabemos a crença em mágicas e feitiços não desapareceu no dia em que nossos ancestrais deixaram de se pintar de vermelho, ou verde & amarelo.  O tipo de mágica em que se acredita, digamos, 'evoluiu' das pajelanças e leitura dos presságios: Agora temos todo um caleidoscópio de consultorias e especialidades antigas e modernas em oferta no Mercado.  Naturalmente seus sacerdotes não se apresentam de tanga, com um tufo de penas na cabeça e balançando um colar de ossos polidos, mas muito bem barbeados, trajando ternos elegantes, no melhor corte inglês, gravatas italianas, no pulso um Rolex reluzente e, se for uma consultora, o tailleur é de rigueur.  Não se debruçam sobre uma pira que rescende a aromas inebriantes de onde sairão seus insights definitivos, pejados de divinas verdades, nem sacam uma varinha de condão da sua elegante mala de couro legítimo, mas recorrem a mapas, relatórios e planilhas grafados na melhor impressão eletrônica cabalística à disposição.  Suas respostas são aguardadas com expectativa similar à da audiência de um mágico antes que saque um coelhinho branco da cartola.
 
No mundo corporativo atual o pensamento mágico não se restringe aos crentes nas religiões ou aos portadores de amuletos da sorte.  Muita gente bem posicionada na hierarquia administrativa acredita que o profissional de Consultoria traz em sua maleta preta poções milagrosas, uma sabedoria engarrafada em lap tops capaz de resolver qualquer problema.
 
Então, que venha o Consultor! Sua chegada é recepcionada com calorosos apertos de mão e sorrisos a que só faltam fogos de artifício para virar um comício, e suas palavras são ouvidas numa atitude de adoração que só encontra rival entre um bando de fiéis muçulmanos voltados para Meca; mas àh sua saída segue-se uma sensação de alívio que só encontra paralelo ao final de uma tormenta entre os passageiros de um vôo comercial ¡
 
E porquê será?  O que conhece o Consultor para ou sobre a sua Empresa ou Instituição que provoca essas reações?  Existem os conceitos-chaves, desenvolvidos no século passado: 
 
Administração por Objetivos, por exemplo, termo proposto pelo merecidamente consagrado consultor Peter Drucker, na forma e contextos em que trabalhou: Na maior parte das abordagens significa apenas que tem de se ter um fim determinado em vista, e organizar-se para alcançá-lo.  Mas praticamente qualquer atividade humana só é empreendida tanto quanto se tenha um fim a alcançar, e os meios para tal mister.  Logo, o Consultor que oferecê-la não acrescentou nada a nosso trabalho.
 
Ou temos aqueles malabaristas que manipulam os ícones da teoria X e da teoria Y, e até da teoria Z.  Lembremo-nos que a popular técnica da cenoura e do chicote é uma aplicação simples da teoria X, mas nunca saiu de uso; nem tentar levar tudo na brincadeira que no final dá tudo certo, como propõe a teoria Y.  Os consultores são expertos o suficiente para saberem disso também.
 
Brainstorming ainda retém um certo charme, especialmente se for para transformar uma reunião executiva numa sessão de espasmos e risadas.
 
Já o grid gerencial - aquela armação retangular, um quadrinho com quatro campos para lançarmos o que quisermos - onde os funcionários e seus comportamentos são plotados como num jogo de dardos de acordo com suas características - mais ou menos sentimentais, ou extrovertidos, ou tarefeiros, ou tagarelas, ou o que queiramos – esse não sai de moda: É prático, atraente, 'visual' ao extremo, qualquer um entende o que queremos demonstrar.  E rende honorários fantásticos a seus promotores.
 
E os fatores higiênicos de Herzberg?  São uma panacéia para se economizar com custos (se um ambiente de trabalho confortável e aumentos salariais não motivam a mão-de-obra, então ministremos-lhe doses crescentes de reconhecimento, responsabilidade, realização, nem que seja na forma de diplomas de honra ao mérito...).
 
Headhunters (caçadores de cabeças) são particularmente exasperantes como consultores: Se o cara entrevistado por um deles não estiver trabalhando tranqüilo e satisfeito na concorrência, não serve para seu misterioso cliente...

Porém há uma mística de ostentação envolvida aqui: O prestígio da empresa ou instituição-cliente fica demonstrado em relação direta com o renome da Consultoria contratada, bem como quanto a qual é seu escritório de Advocacia, ou sua Auditoria Independente...  São como os estilistas e cabeleireiros de madames – há quem prefira o termo 'peruas': Investe-se em imagem, mais do que em performance, pois essa deveria estar garantida pelo valor de seus emolumentos monumentais, o que nem sempre é o caso...
 
No mais, sem novidades, até o dia em que a arte da Administração seja devidamente compreendida como ciência, desenvolvida em seus aspectos psicológicos, sociais, holísticos mesmo...
 
Darcy Othero – 08 / 06 / 2010
 
================================================

domingo, 19 de dezembro de 2010

Saber viver

                         O segredo de estar bem no Mundo
                    não reside no lugar em que estamos,
                    mas na direção para a qual estamos indo.
                        Oliver Wendell Holmes (1809-94)

==========================================================
 

domingo, 12 de dezembro de 2010

Salvadores da Pátria ¡

================================================ 

A Maldição dos salvadores da Pátria ¡
(ou estória do Brasil)

                Então os portugueses fundaram a primeira capital brasileira, a cidade de São Salvador da Bahia de Todos os Santos, em uma clara referência à ideologia religiosa prevalecente na época; mas também, no que se refere ao tema dessas reflexões, invocando a ampla proteção, não só de quem os pudesse ‘salvar’, guardar, proteger, redimir, e queaindafosse coadjuvado por todos os santos, as então reconhecidas boas almas que os haviam precedido no além...

E por muito tempo, entre outras características psicológicas, os empobrecidos colonos e aventureiros lusitanos que por aqui aportaram alimentaram também o mito da volta redentora do desaparecido rei Dom Sebastião, que haveria de proporcionar a Portugale a todos os seus súditos que aguardassem com fé a sua volta triunfal, uma era de grandeza e prosperidade como nunca houve igual, sem trabalho, sem mérito, sem esforço, literalmente caída do Céu.

Também devemos mencionar o destino de Dom Pedro Segundo, um homem bom, estudioso, compassivo, cordato, mas que envelheceu – e na mentalidade daqueles que anseiam serem salvos a velhice é uma das piores pragas da natureza - e lá se foi banido com toda a família para a Europa, a terminar seus dias terrenos imerso na saudade deste enorme Império, já que não tinha mais utilidade para as elites modernas da terra brasilis, que ele tanto soube honrar e fazer prosperar.

Mas o Universo tem seus amortecedores automáticos, que funcionam na mecânica do ying-yang: Se exagerarmos numa direção, por correta que seja, surgirá um impulso de retorno ao equilíbrio rompido.  E ao humanismo renascentista, despedaçando os grilhões seculares de uma escolástica caduca, ao positivismo triunfante no ápice do racionalismo republicano, que culminou no liberalismo individualista da Belle Époque, eis que se sucede o século XX, que veio a ser o século da violência colossal, entronizando as ditaduras totalitárias anti-liberais – tanto as nacionais e socialistas como as fascistas & a caterva de mais baixo coturno.  Mas, felizmente, para os desvalidos habitantes deste imenso país sertanejo, de índole cordial, os novos tempos trouxeram apenas o paternalismo sacramentado no Estado Novo.  Portanto entendamos porquê Getúlio Vargas, um dos que tomou o poder pela força, e que por medo de forças ocultas preferiu fugir da vida a enfrentar suas conseqüências, é até hoje lembrado e reverenciado como o paizinho dos pobres, encarnação bem brasileira de dom Sebastião, o redentor.

E não é que entrementes... uiis, e nasce Lula da Silva ¡  Quem diria? Não estudou, nem trabalhou, só bebeu, e viajou.  Também não viu nada do que se passou, pois quando sóbrio viajava tanto... como poderia ter visto alguma coisa?  Porém soube embalar muito bem o velho sonho da vida mansa num barracão, distribuindo aos pequeninos muitas bolsas, repletas de arroz, farinha e macarrão. 

Mas antes veio Fernando Collor, bem apessoado, bem falante, denunciando umas tantas mazelas da época.  Todavia, como homem de seu tempo, não quisou não conseguiuescapar de outras tantas, como, por exemplo, os meios de financiar sòzinho uma campanha eleitoral que mobilizasse a maioria dos eleitores nos oito milhões de kilômetros quadrados desse quase-continente de língua portuguesa na pobre América Latina.  E foi se juntar aos apeados do poder por forças não tão ocultas assim, àqueles que não tentaram ou conseguiram, até pela relativa magreza de seu perfil, incorporar o mito salvador, numa peça de teatro a cada encenação mais patética – o impulsivo D. Pedro Primeiro, Conde d’Eu - o francês, Jânio montado na vassoura, Jango voando em fuga desabalada para as terras cisplatinas... 

O professor Fernando Henrique foi um interregno, digamos, surpreendente.  O povo pagou para ver: Moeda estável = vida boa; havíamos custado a entender que a inflação não passava de um fac-símile econômico do santo Manto de Maria, a cobrir e lavar a multidão dos nossos pecados políticos e sociais.

Todos esses homens públicos saíram ou ainda vão sair da vida para entrar na história. E o povo? Ah, o povo ¡  Vai continuar alimentando seus mitos, seus sonhos de salvação, de redenção sem maiores esforços, todos os dias, todas as semanas, na ilusão de que ganhar uma cesta básica é tudo de bom, enquanto assiste ao vivo, pelo rádio ou pela televisão, a pantomima de padres, pastores, locutores e tantos outros enviados do Senhor para os salvar... de quem mesmo?    

Darcy Othero – 03/09/2009

================================================

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Os crimes de ódio na internet

Os crimes de ódio na internet



                O sentimento responsável por algumas das maiores tragédias da humanidade vem sendo potencializado no mundo virtual.  Na internet, espaço ainda pouco fiscalizado e pràticamente livre para a divulgação de informações de qualquer espécie, o ódio encontrou um palco perfeito de proliferação. Não faltam sites e comunidades em páginas de relacionamento dedicados à propagação, por exemplo, do racismo, da homofobia e do nazismo.  A prática, a indução ou incitação desses e de outros tipos de discriminação e preconceito configuram o crime de ódio, assim chamado informalmente e previsto em lei, que pode ser praticado via internet ou fora dela.  Para a servidora federal Adriana Dias, antropóloga estudiosa do discurso do ódio na web, as vantagens da rede para os criminosos são a possibilidade de anonimato e o grande alcance de informação.  Mas o Brasil tem se organizado; o Ministério Público Federal está se estruturando para combater o problema.

                 De acordo com informações levantadas por Adriana para sua pesquisa de doutorado, baseada na análise de mais de 300 mil páginas de 40 sites nas línguas espanhola, inglesa e portuguesa, as manifestações mais comuns no planeta são ao racismo, à homofobia, ao neonazismo, ao antissemitismo e ao ódio às pessoas com deficiência.  Rússia, Alemanha e Estados Unidos são os países líderes na disseminação do chamado crime de ódio.  No Brasil as principais vítimas são os negros, os judeus, os nordestinos e os homossexuais.  Os três estados do Sul (Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina), São Paulo, Distrito Federal e Minas Gerais são os líderes do triste ranking da intolerância.  Embora os espaços dedicados ao ódio incitem a violência, inclusive com o agendamento de ataques aos grupos discriminados, o maior problema, acredita Adriana, está relacionado à informação. – ‘ A internet torna a memória eterna. O discurso também deposita suas informações na rede. Portanto, a partir do momento em que alguém escreve que nunca houve o Holocausto, alguém pode achar que isso é verdade’, observa Adriana.

                O ódio na web faz duas vítimas principais: Os grupos que são alvos da discriminação (esses diretamente) e as crianças. Estas, por serem especialmente vulneráveis aos discursos violentos. – ‘ Ninguém nasce racista ou homofóbico. Isso é um discurso social. A criança exposta a essa mensagem pode acreditar nela e isso vai prejudicar o mundo em que ela vive’, afirma Adriana.

                Combate
                Embora os crimes cibernéticos sejam relativamente recentes, o Brasil tenta se preparar para combatê-los. O Ministério Público Federal (MPF) tem grupos estruturados em São Paulo e no Rio de Janeiro para lidar com a questão.  A atuação dos Ministérios Públicos se dá nas áreas criminal, por meio da investigação das denúncias dos próprios provedores e de cidadãos, e cível, por meio do relacionamento com provedores de conteúdo - ao cobrar deles informações sobre os responsáveis pelos crimes - e empresas que hospedam sites em que os crimes podem ocorrer - tentar fazer com se responsabilizem pelo conteúdo que circula sob a alçada delas.  O MPF em São Paulo firmou um termo de cooperação com o Google, que comunica ao órgão eventos dessa natureza que ocorram, por exemplo, no site de relacionamentos Orkut. No site do MPF paulista é possível denunciar crimes cibernéticos.  Investigar os crimes de ódio, no entanto, não é simples: - ‘ Como a internet permite o anonimato, isso dificulta a identificação do criminoso ‘, explica o procurador Adilson Amaral, coordenador do Grupo de Combate aos Crimes Cibernéticos do MPF.  A única maneira é rastrear o criminoso pelo IP, a identidade da máquina do usuário na rede, que permite identificar o computador de onde foi cometido o crime.  Só que não existe lei que obrigue os provedores de conteúdo a guardar as informações de acesso.  Portanto em muitos casos os dados do criminoso já foram apagados quando se inicia a investigação.  Os cyber cafés representam outro empecilho, pois pouquíssimos registram os dados dos usuários dos computadores.


                O crime de ódio

                O crime de ódio, assim chamado informalmente, está previsto na Lei nº. 7716/89, art. 20 (praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional*).  A prática do crime pela internet é enquadrada no § 2º do artigo (se qualquer dos crimes previstos no caput é cometido por intermédio dos meios de comunicação social ou publicação de qualquer natureza).  A pena prevista é de reclusão de 2 a 5 anos e multa.

* Embora a homofobia não seja citada expressamente, os crimes de ódio contra homossexuais também são julgados com base no artigo 20: - ‘ A gente acaba incluindo a homofobia por extensão. Como a lei é de 1989, não se pensava nessa questão ainda ’, explica Adilson Amaral, procurador do MPF em São Paulo.

(por Renato Freire * Secre / BANCO CENTRAL DO BRASIL * 02/08/10)

===========================================================

domingo, 5 de dezembro de 2010

Comunicações espirituais: Como assim ?


===========================================================



O Espírito de Sistema

 

                 Cada pessoa percebe o Universo e tudo o que passa com sua maneira própria, única, o que é parte de sua individualidade.
 
                  Até aí, tudo bem.  Nada de mais.  Ocorre que a mente humana, para facilitar o viver, desenvolve rotinas, caminhos para seu entendimento e decisão, que poupam seu esforço de raciocínio frente a fenômenos parecidos a outros anteriormente estudados, catalogando-os no mesmo grupo, etiquetando-os entre os conceitos já ‘conhecidos’ por assim dizer, e deslocando sua atenção para qualquer outra coisa que se lhe apresente no momento seguinte.
 
                 Tomemos um fenômeno recorrente – inclusive em suas contestações – a comunicação com os espíritos dos mortos.  O que passa entre as pessoas que ouvem dizer sobre a ocorrência?  Podemos, para simplificar, e conforme a idéia acima de sistema, classificá-las em alguns grupos de ouvintes.
 
                 Inicialmente analisemos o provável raciocínio de uma pessoa que seja definida como materialista.  Como ela reage nesse caso?  Em seu intelecto foi construído um sistema de pensar através do qual só vale a pena considerar qualquer coisa ou conceito que seja de apreensão imediata e contínua pelos seus sentidos físicos.  Logo, na categoria ‘espírito’ de seu pensar, quando se refere a um ‘morto’, esse não corresponde a nada que tenha algum conteúdo real, verdadeiro, no sentido de existente por si mesmo, mas, no muito, a fantasias e ilusões, porque espíritos não andam aparecendo sob sua vista por aí, sem mais nem menos, à mesa, durante o café da manhã, por exemplo.  Por conseqüência nem passa pela cabeça dessa pessoa levar em consideração o que quer que um espírito teria eventualmente comunicado a alguém, exceto como obra literária ou artística para seu eventual deleite.
 
                 Em seguida consideremos os adeptos de uma crença qualquer, de uma das muitas igrejas espalhadas por aí.  Essa pessoa, como mínimo, deve acreditar que tem uma alma imortal, ou não seria crente, claro, e portanto o conceito ‘espírito de um morto’ para ela pode reter um conteúdo real; todavia seu sistema de pensar pode conter uma ou mais travas simplificadoras, do tipo: Na bíblia está escrito assim e assado, o padre ou pastor disse que aquele escrito quer dizer isso e aquilo, e no meio dessa barafunda de certos & errados essa pessoa, toda vez que ouve falar em ‘comunicação com os espíritos dos mortos’, joga essa idéia e tudo o que se lhe relacione para um limbo mental das coisas malditas, diabólicas, se persigna na reafirmação da sua crença, e perde uma boa oportunidade de se instruir, coitada ¡
        
        Mas, dentre os crentes nas almas, temos também os que poderíamos denominar de esotéricos, agrupáveis em diversas escolas, mais ou menos ‘secretas’, como eles mesmos preferem se apresentar.  E dentre essas seitas tomemos os teósofos, que acumularam reflexões extensas e profundas sobre o além da vida na Terra.  A ‘comunicação com os espíritos dos mortos’ faria sentido para eles?  Talvez não, pois parte de seus estudos pontua, provàvelmente com muito acerto, que o ‘espaço’ espiritual está regido por leis próprias; que o ser humano se compõe de mais de um princípio ou camada ou dimensão (até sete, conforme a escola esotérica); que após a morte o núcleo mais sutil e imortal dessa ‘cebola’ de seis cascas e um núcleo vai se soltando das outras; e que cada camada dessas vai se desintegrando aos poucos, a começar pelo cadáver físico que deixamos na Terra.
 
        E daí?  Essas pessoas também cultivam seus sistemas mentais, suas simpatias e prevenções, como todos os humanos.  Para o que vem ao caso – as comunicações espirituais - dentre as prevenções / simplificações intelectuais que os teósofos alimentam temos a questão do ‘cascão astral’, que vem a ser: Quando uma pessoa morre deixa para trás o corpo físico e sua aura de energia (as duas camadas mais densas).  As quatro dimensões envoltórias remanescentes vão para a parte do Universo denominada Astral, onde, com o tempo, os três princípios mais sutis se soltam do quarto princípio - do corpo astral – e vão lá para seu céu diáfano, ‘desastralizado’; e esse corpo solto fica como uma casca vazia, boiando por ali, e eventualmente, antes de se desintegrar no Astral, pode entrar em contacto com um médium, ser ativado pelos pensamentos e circuitos energéticos desse médium, e se ‘comunicar’ - dar suas impressões - através do médium.   Esse último, por sua vez, acreditaria estar em contacto com um espírito completo, e não com um simples ‘cascão’ astral.  Assim, para o sistema dessa pessoa esotérica, nada a que se refira como ‘comunicação com os espíritos dos mortos’ terá valor original, genuíno, pode, no muito, refletir idéias alimentadas pelo espírito do médium e ativadas pelo ‘cascão’; não valeria a pena ponderar um pouco mais sobre seu conteúdo, vez que na própria forma etiquetada como proveniente de um espírito já teria ocorrido um erro de definição.  Não é incrível?
 
                 Como último grupo consideremos os Espíritas e afins: A ser verdade o que expusemos acima sobre o raciocínio sistemático, essas pessoas, confrontadas com comunicações originadas de espíritos, não teriam se acomodado a um sisteminha prévio de pensamento, mas teriam avaliado a razoabilidade do fenômeno, inclusive a partir do teor das próprias comunicações, e aceito sua plausibilidade.  Daí em diante elas podem conceber – e é provável que construam - um sistema de pensamento que leve em conta essa possibilidade, e que periòdicamente atribuam a comunicações espirituais eventos que na verdade não o sejam de fato.  Porém, para benefício de sua apreensão da realidade e de seu crescimento emocional e afetivo, ultrapassaram a barreira de sistema, a descrença sistemática por assim dizer, e portanto poderão tranqüilamente usufruir de todo o sentimento e sabedoria que advém de muitas das chamadas ‘comunicações com os espíritos dos mortos’.

 

                 Darcy Othero – 24/08/2010     

  ,
===========================================================


quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Procedencia: España

 
              Otero s.m. Cerro aislado en un terreno llano.

domingo, 21 de novembro de 2010

Primeiro Post


         Abri um blog!  Seu propósito, à primeira vista, pode parecer ambicioso: Contribuir para a civilização.  Porém, como entendo que todas as pessoas, de uma certa forma, e bem ou mal, contribuem para a Civilização, permito-me caracterizá-lo assim, ok?

         Darcy Othero