sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Reformas Ortográphicas: Brasil X Portugal

                      Há alguns dias um dos meus primos perguntou minha opinião sobre o uso de presidente ou presidenta para mulher.        

                      Ocorre que lingüística e idiomas são assuntos que me agradam muito.  No caso da regulação de uma língua, entendo que há necessidade de se compreender e respeitar que um idioma vivo é ‘vivo’ mesmo, ou não será; quero dizer:  Funciona e precisa funcionar como um sistema dinâmico, organizado, estável, mas que, à diferença de um animal empalhado, como o latim, um idioma ‘vivo’ evolui, e para evoluir dispõe de uma certa flexibilidade e executa trocas com o meio ambiente (com outros idiomas, surgem neologismos, lexicaliza metáforas inéditas, etc.).

                       Em conseqüência nas últimas décadas tenho discordado de boa parte das instruções prescritas por nossa Academia de Letras, por entender que, apesar dos acadêmicos virem seguindo uma linha consistente de simplificação, o que tem sua necessidade, lógica, imanência e realização nos meios populares, essas mesmas mudanças têm exagerado uma tendência empobrecedora no português; na minha opinião demasiadamente simplistas.  Daí que apóio no caso, e por gostar da possibilidade de diferenciação conotativa entre os dois termos, que tenhamos presidente e presidenta para mulheres.  Todavia, para contraste, informo-lhe minha opinião numa questão paralela: Não uso poeta no lugar de poetisa, essa ambivalência nunca me agradou.

                       No caso brasileiro hoje, por razões de natureza política, resolvi que é preferível 'presidenta'.  Porém é uma posição crítica minha, sem nenhum traço apologético.
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                Depois de conviver por décadas com duas grafias oficiais do Português, com seus respectivos méritos e deméritos, resolvi escrever - quando possível - na ortografia, gramática e pontuação que me parecerem mais adequadas, inclusive recuperando o que tinha de bom nos antigos acordos ortográficos Brasil X Portugal...  Oficialmente, claro que terei de acatar as elucubrações daqueles acadêmicos sexagenários (!), pernósticos e escolásticos.  Mas farei as devidas concessões à expressividade advinda, por exemplo:
                1) Dos cês mudos, até que reforçam o carácter de algumas palavras;
                2) Não vou abrir mão do trëma, pois ele dá uma sacudida legal em certas expressões: Um liqüidificador deve picar mais rápido os alimentos, vocês não acham? 
                3) O acento diferencial é muito útil: Evita que interrompamos a leitura para nos lembrar se estamos defronte um "ô" ou de um "ó", por exemplo; aliás, por falar em acento, [ ideia ] desse jeito me parece tão desprovida de imaginação, de originalidade, uma ideiazinha assim medíocre;
                4) Descrever certas situações emphadonhas ou empháticas com [ ph ] comunica de fato o que desejo transmitir;
                5) Pronomes e adjetivos expletivos idem, muitas vezes têm seu lugar, pelo menos a mim me caem bem;
                Além desses, não tenho dúvida de que nos falta, por exemplo:
                6) O ponto de desinteresse ( ¡ = ponto de exclamação invertido ), para marcar assuntos que desejo conotar como relativos, deprimentes, lamentáveis... o contrário do entusiasmado ponto de exclamação ! ; e ainda:
                7) O [ ah ] para futuras ocorrências; pois desde sempre me incomodou termos um [ há ], assim acompanhado por um imponente agá para nos referirmos ao que já se passou, e portanto deve ter ficado no passado, mas utilizarmos um simples [ a ] para o que ainda virá, às vezes cheio de boas promessas e expectativas.  Logo penso que um [ ah ], bem aberto e rebuscado, grafa melhor o que há de vir daqui ah algum tempo. 
                E etc.
               Dy Othero

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